- Nádia Simonelli
Um apartamento cheio de histórias em plena Avenida Paulista
Com projeto do escritório SuperLimão e em um prédio assinado por Artacho Jurado
Fotos: Maíra Acayaba

A Avenida Paulista faz parte da minha história e da vida de muita gente. Não é por acaso que é onde acontecem os eventos mais importantes da cidade. E o prédio onde este apartamento está instalado, o Saint Honoré, é especialmente encantador para mim. Nem sei dizer quantas vezes passei em frente e fiquei imaginando como seria morar ali. Ou quem já teria morado ali. Também costumo ficar admirando a arquitetura impecável de Artacho Jurado, que deixou sua marca em tantos prédios de São Paulo.
Uma das vezes em que saciei um pouco da minha curiosidade arquitetônica foi assistindo o filme Bingo, estrelado por Vladmir Brichta e que retrata um trecho da vida do intérprete do palhaço Bozo. Um apartamento do Saint Honoré era a casa dele.

Por isso, quando recebi as fotos deste projeto de reforma, assinado pelo escritório SuperLimão, decidi na hora que iria postar ele aqui. Além de lindo em cada detalhe, ele é ainda mais interessante porque os moradores estavam dispostos a expor as marcas do tempo. Ligados à arte, arquitetura e fotografia, eles queriam um apartamento para receber amigos para jantares e confraternizações.

O jeito de viver mudou um pouco desde a década de 1950, quando o prédio foi construído. Por isso, para atualizar o apartamento de 160 m², a passagem de serviço entre a cozinha e a porta de entrada social não fazia mais sentido. Então, o corredor foi demolido e a sala, ampliada. Cozinha e área de serviço foram unificadas, transformando todos espaços em áreas sociais. O banheiro de serviço virou o lavabo e a despensa se transformou no banheiro de uma das crianças. Bem atual.

Uma das coisas mais bacanas de apartamentos antigos são as janelas generosas. E no Saint Honoré, elas vão do chão ao teto. A vista da sala e dos quartos é a Avenida Paulista e a janela da cozinha e da área de serviço permitem a ventilação cruzada.

Os acabamentos que já existiam foram preservados ao máximo para valorizar a história do lugar. Na sala, as paredes foram lixadas até chegar nas estruturas. No quarto, as paredes foram descascadas para até os tijolinhos ficarem aparentes e em todo o piso da sala e dos quartos foram mantidos o taco original.

Na paleta, tons tons que dialogam com a época da construção do prédio e com o projeto de Artacho Jurado. O teto rosa queimado harmoniza com as paredes rústicas e toda a cozinha em tons de azul e piso de granilite. É uma ode ao passado com o jeito de viver contemporâneo.


